O que muitas pessoas chamam de bloqueio sexual ou auto-sabotagem pode ser a diferença entre as próprias percepções e as expectativas do que deveriam ser.
O que pode ser definido como sexo bom ou ruim é a satisfação do indivíduo com a relação. A avaliação feita em geral se dá pelas próprias percepções do prazer vivenciado ou pelas expectativas individuais do que deveria ser vivenciado.
As expectativas que existem sobre o sexo podem ter função de excitação, contribuindo para o planejamento e preparo para uma relação, mas se tomadas rigidamente podem causar um distanciamento das sensações vivenciadas.
Para sentir prazer, é necessário se focar nas sensações físicas, inclusive para identificar os toques e áreas do corpo que mais trazem boas sensações. A pessoa que está muito focada no que espera sentir pode se desconectar das próprias sensações, desvalorizando assim uma relação que poderia ser boa.
Muitas situações do cotidiano contribuem para uma maior desconexão entre as percepções físicas e as sensações relacionadas. Em geral, momentos de maiores preocupações e ansiedade fazem que a pessoa vá para a relação sexual com a “cabeça em outro lugar”.
Quando se tem essa compreensão, fica mais fácil perceber quando é necessário primeiro um momento de relaxamento antes do sexo, que pode ser conseguido por meio de qualquer atividade que cause relaxamento ou mesmo que sirva de aquecimento para o sexo. Massagem, banho relaxante, ambiente aconchegante… Tudo que seja interessante para a pessoa e sua parceria.
O ambiente adequado para o maior prazer sexual é aquele que agrada aos parceiros, desfocando sua atenção das problemáticas do dia e trazendo o foco para a vivência sexual, ou seja, nada de boletos bancários ao lado da cama ou a TV em noticiários.
Pode-se escolher uma música agradável; iluminação e cheiros (velas e incensos aromáticos) de preferência; hidratante ou óleo corporal para uma massagem.
O diálogo também se faz importante, mas focando no momento presente, em sensações, nos desejos e nas fantasias. Problemas com a família e decisões financeiras devem ser deixados para outro momento. Trazer qualquer dessas coisas para o momento do sexo pode ser um comportamento de auto-sabotagem, visto que tira o protagonismo das percepções do momento.
As relações sexuais não são iguais. A satisfação e o prazer no sexo estão, sobretudo, relacionados ao nível de excitação, ao foco nas sensações, à comunicação e à intimidade com a parceria. Criar tempo para o sexo é fundamental para que uma relação aconteça. Cabe a cada um avaliar o quanto tem valorizado e investido nesse aspecto de sua vida.
Monica Gonçalves de Melo Teixeira
Psicóloga e Psicoterapeuta Sexual (CRP 06/81984)
Atendo adolescentes, adultos e casais, com diversas dificuldades, sobretudo queixas sexuais. Gosto de aprender e compreender sobre o mundo, conexões e inter-relações coletivas e individuais. Tenho paixão pelo que nos constrói e o que construímos nos variados campos, e um profundo respeito pela Psicologia.